Perdão

Quando tomo conhecimento de algo muito bom ou muito ruim, penso imediatamente em compartilhar com as pessoas com quem mais me importo. A maioria de nós é assim: ao conhecermos um restaurante muito bom ou muito barato, gostamos de recomendar aos amigos e parentes, assim como comunicamos qualquer perigo iminente, tais como novos golpes de assaltantes e ladrões ou ameaças de vírus e desastres naturais.

A mesma motivação me leva hoje a escrever este texto, que agora chega a você. São boas novas, aliás, tão boas que sinto-me compelido a compartilhar:

O sentimento de vingança é natural do ser humano. Assim também o instinto de julgar atos e pessoas, atribuindo-lhes rótulos de “certo” ou “errado”, “culpado” ou “inocente”. Instintivamente revoltamo-nos com aquilo que nos parece errado, sendo muitas vezes tomados pela vontade de “fazer justiça”, de alguma forma.

No tempo em que vivemos, adiciona-se ao impulso natural, o permanente bombardeio vindo dos meios de comunicação e até da indústria do entretenimento. Os enredos de novelas e filmes frequentemente nos apresentam fictícios fatos em que maus personagens ou mesmo aqueles não tão maus cometem maus atos ou erros e longas tramas são desenvolvidas e narradas a nós, de forma que formulamos nossos julgamentos, condenamos o personagem e nos envolvemos com a história a ponto de torcermos para que a vingança aconteça.

Também no mundo real somos conduzidos exatamente da mesma forma. Os jornais, revistas, rádio, TV, internet e redes sociais nos apresentam diariamente fatos e denúncias envolvendo crimes, corrupção e violência. Invariavelmente somos alcançados gradual e permanentemente por notícias com pouca ou nenhuma isenção e compromisso com a verdade. Só para exemplificar isto, eu lhe pergunto: quantas vezes você foi pesquisar a verdade antes de reenviar uma má notícia sobre alguém para seus grupos e contatos? Mais do que isso: quantas vezes você considerou qual deve ser a postura do cristão nestes momentos?

A partir daqui é que passo a compartilhar “algo muito bom”.

Muitos de nós nos dizemos cristãos. Não vou me aprofundar muito, mas sei que gostamos de acreditar que somos cristãos porque há nisso infinitos benefícios. Mesmo aqueles de nós que nunca se aprofundaram no conhecimento bíblico gostam de acreditar que são cristãos. E são cristãos. Porque ser cristão é crer em Jesus ressuscitado e confessar isto (Romanos 10:9). E receber os benefícios de ser cristão não depende de mérito nem de nada além de crer e confessar.

Mas eu descobri que é preciso mais. Assim como um cozinheiro tem que saber cozinhar, conhecer o sabor e o os ingredientes, quanto tempo e como deve cozinhar ou assar cada alimento; assim como um advogado tem que conhecer as leis e códigos de processos; assim como um médico ou um engenheiro necessitam longos anos de estudos para bem exercerem suas profissões; também um cristão necessita conhecer os ensinamentos e mandamentos de Jesus.

A história de Jesus e seus muitos ensinamentos nos são contados com a profundidade e os detalhes suficientes. Assim como os livros do cozinheiro, do advogado, do engenheiro, do médico ou de qualquer profissional. Este é o primeiro “algo muito bom” que quero compartilhar: se você se declara cristão, quer ser cristão, que usufruir plenamente dos benefícios de ser cristão, a melhor, mais fácil e mais garantida forma de alcançar seus objetivos é conhecer a Bíblia. Se este não é o seu caso, leia até o fim assim mesmo, porque eu lhe digo que vale a pena e não vai prejudicá-lo de nenhuma maneira.

O segundo “algo muito bom” que quero lhe contar é sobre o perdão.

Tenho certeza que você conhece a “oração do Pai Nosso”. Você sabe de onde vem? Vem do Evangelho de Mateus (e também de Lucas). Os discípulos pedem a Jesus que lhes ensine a orar e Jesus lhes diz, conforme registrado em Mateus 6:9-13:

“Portanto, vós orareis assim:

Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;

venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;

o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;

e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;

e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém]!“

Repare que Jesus diz ”perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”. E, em seguida, nos versículos 13 e 14, reforça que o perdão que recebemos é condicionado ao perdão que concedemos:

Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará;

se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.”

Mateus 6:14-15     https://www.bible.com/bible/1608/MAT.6.9-15

Veja a importância de perdoar. O perdão que oferecemos é o mesmo perdão que recebemos. E, repare, ser perdoado por Deus depende de cada um de nós.

Mas Jesus enfatizou isto também em outras oportunidades. Veja a parábola do credor incompassivo, em Mateus 18:23-35:

“Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos.

E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.

Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a dívida fosse paga.

Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei.

E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida.

Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves.

Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei.

Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida.

Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera.

Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste;

não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?

E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida.

Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão.”

Mateus 18:23-35 https://www.bible.com/bible/1608/MAT.18.23-35

Veja que na parábola contada por Jesus, o senhor havia perdoado seu servo, atendendo a sua súplica, e tal perdão lhe foi retirado apenas porque ele não perdoou ao que devia. Leia também sobre a importância de perdoar em Mateus 18:21-22, Marcos 11:24-26 e Lucas 17:3-4.

Veja o exemplo que o próprio Jesus nos deu. Leia o capítulo 23 do Evangelho de Lucas, que é o relato da paixão e morte de Jesus. Ele ora a Deus, pedindo perdão aos homens que o estavam matando: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.”

Perdoar como queremos ser perdoados é, como se viu, fundamental. Mas Jesus também nos manda tratar aos outros da mesma forma como queremos ser tratados, em tudo. Veja o que Ele diz em Mateus 7:12:

“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.”

Mateus 7:12   https://www.bible.com/bible/1608/MAT.7.12

Para finalizar, quero lhe contar o que Jesus também nos ensina sobre julgar e condenar o próximo:

“Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados;

dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.”

Lucas 6:37-38    https://www.bible.com/bible/1608/LUK.6.37

Pense no que Jesus diz. Não nos cabe julgar, muito menos condenar. Porém aqueles entre nós que julgarem ou condenarem o próximo, receberão tudo com a mesma medida que usarem.

Eu creio profundamente em todas estas coisas. Entendi que tudo o que fizermos ao próximo, voltará para nós. Entendi a importância de não julgar ou condenar. Ao contrário entendi a importância de perdoar, para o meu próprio perdão.

Sei que, pensando em sua vida e em tudo o que tem acontecido, nas pessoas que lhe magoaram, ofenderam ou prejudicaram de alguma forma, você pode achar que seria injusto perdoá-las, ou mesmo que você as perdoe, elas não saberão retribuir nem entender. Você pode se lembrar que no passado já relevou e perdoou, mas aquelas pessoas continuaram fazendo as mesmas coisas ou até se beneficiaram indevidamente do perdão que você ofereceu. Mas eu digo que estas coisas são irrelevantes, porque o perdão que você oferecer e o bem que você praticar, SERÃO RETRIBUÍDOS POR DEUS e não por aquelas pessoas. E esta retribuição pode até começar aqui mesmo e agora, mas a real e importante retribuição será na vida eterna.

E todos estes ensinamentos não se aplicam apenas às pessoas com quem você se relaciona pessoalmente. Eles também são o antídoto para as armadilhas diárias que nos são oferecidas pelos meios de comunicação. Eu me refiro às notícias dos escândalos de corrupção e crimes que estão diariamente nos alcançando, sem compromisso com a verdade, selecionadas e manipuladas conforme interesses dificilmente identificáveis. Lula, Dilma, Temer, Aécio, Cunha, Garotinho, Jefferson e tantos outros. Tenhamos certeza de que algo não está certo, que muitas pessoas estão sendo prejudicadas, muitas sofrem e até perdem a vida e que, sem nenhuma dúvida temos que combater o mal que por ali domina. Mas não nos cabe julgar. Não nos cabe condenar. Isto não compete a nós. Muito menos podemos nos alegrar com o sofrimento de qualquer um deles. Devemos orar por eles, perdoá-los e pedir a Deus que os perdoe também e que transforme suas vidas para que sejam pessoas úteis, que temam a Deus, guardem Seus mandamentos e pratiquem o bem.

A relevância disto é muito maior do que a de um bom restaurante, uma promoção imperdível ou qualquer outra coisa. Por isso faço tanta questão de compartilhar com você. Espero que você aproveite a oportunidade.

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