Auto Indulgência

Este texto é do tempo em que os jornais ainda eram impressos em papel e distribuídos por um complexo e eficiente esquema logístico, que os fazia chegar diariamente às casas dos assinantes e às bancas, onde podiam ser comprados exemplares avulsos. Não havia influencers nem redes sociais. assim, jornais  mantinham espaços destinados à publicação das opiniões de quem quisesse, como a Coluna do Leitor do Jornal Gazeta do Povo. Os radares e multas são temas recorrentes até hoje, 2025, nos meios de comunicação, redes sociais e os mais diversos espaços de expressão e opinião. Escrevi este texto em 2007, respondendo à contribuição do leitor Herbert Richert, na Coluna do Leitor,  sobre a “Indústria da Multa” em Curitiba.

Tenho lido nesta seção diversas manifestações sobre os radares. Assim como o leitor Herbert Richert, tantos outros têm criticado a posição do radar, a intenção do policial, agente de trânsito, autoridades, etc. O rótulo “culpado” é sempre atribuído a outros. Não vejo alguém admitir que infringiu a lei, estava em excesso de velocidade ou simplesmente desatento. Entendo este fato como mais um sintoma de um mal característico de nosso tempo: a AUTO INDULGÊNCIA. Somos sempre implacáveis, intolerantes e absolutamente ágeis na detecção dos erros dos outros. Mas com os nossos próprios, temos sido sempre, e cada vez mais, habilíssimos em transferir as culpas, isentando-nos de qualquer responsabilidade. Na verdade, assim agindo, só fazemos contribuir para a galopante degradação moral que vimos assistindo.

Júlio Xavier Vianna Jr

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