Bom dia amigos
Há dias venho pensando em escrever o que estou lhes enviando agora, porém hesitei bastante, até este momento.
Quero dizer que voto SIM, a favor da proibição do comércio de armas e munição no BRASIL. E gostaria de poder contribuir para a proibição da fabricação e comércio de armas, munição, bombas e qualquer tipo de material bélico no MUNDO.
No início, estava em dúvida. A seguir, resolvi ser contra a proibição e votar NÃO, convencido por alguns argumentos de amigos, que, de fato, têm lógica e são válidos. Nas duas últimas semanas, no entanto, decidi que vou votar SIM, quero declarar meu voto e expor os motivos.
Sei que, como eu, a maioria de vocês não agüenta mais ouvir argumentos, propaganda ou, muito menos, ler mensagens eletrônicas sobre o tema. E esta é uma das razões que me fazem votar SIM: a maioria das mensagens, comentários e até mesmo parte da propaganda oficial parece ser anônima. Não tem data e nem detalhes. Quem viu (ou ouviu) uma única palavra de um fabricante ou comerciante de armas? Se eu fabricasse ou vendesse armas estaria gritando e fazendo campanha para defender meu sustento que está na iminência de sofrer um golpe fatal. Alguém pode me explicar isto? Onde estão? Como estão defendendo seus negócios? Estão guardando dinheiro para poder sobreviver depois? Ou têm certeza que o referendo vai legitimar seus negócios? Ou estão gastando de maneira invisível?
A indústria bélica é, sem a mínima sombra de dúvida, responsável por grande parte das tragédias do mundo. Quem nunca se perguntou por que os conflitos armados não terminam nunca? Quem ainda acha que qualquer guerra é santa? Eu tenho certeza que o principal propulsor das guerras, atentados, revoltas armadas e os mais diversos tipos de conflitos no mundo todo É A INDÚSTRIA DE ARMAS. Alguém duvida que a o mesmo fornecedor vende armas e munições para os dois lados de todos os conflitos? Se não fosse assim, as guerras durariam quinze dias, no máximo.
O meu voto SIM é contra esta indústria. Pode ser infantil, insignificante, quixotesco. Provavelmente será inútil, até. Mas passei a vida pensando nisto e, até agora é a única oportunidade que me apareceu de fazer algo concreto a respeito.
Acho este processo um desperdício de dinheiro público. Acho uma inversão de prioridades. Considero mais uma oportunidade de movimentar as engrenagens da máquina da corrupção e fico profundamente irritado de ser obrigado a votar. E OBRIGADO a votar em um pleito que me possibilita ir ao local de votação, cumprir todo o ritual e VOTAR NULO (eletronicamente!!!!) – é absolutamente irracional. A propaganda GRATUITA dá nojo!!! Ambos os lados, as frentes parlamentares não hesitam sequer por uma fração de segundo para lançar mão dos odiosos, repugnantes e já tradicionais truques – as acusações, as baixarias e, o pior de todos: a guerra de informação. Em dez minutos, somos OBRIGADOS a ver afirmações e desmentidos, acusações, réplicas e tréplicas, direitos de resposta, estatísticas distorcidas, demagogia deslavada, etc…. Já ouvi até um apelativo… “RICO PODE COMPRAR ARMA” como argumento para convencer o pobre a votar SIM…. Uma VERDADEIRA CAMPANHA ELEITORAL, enfim. Com todos os seus horrores…..
Com exceções (evidentemente), observo que a maioria das pessoas que conheço e que votam CONTRA a proibição, está, na verdade, manifestando uma revolta contra o governo. Equivocadamente, na minha opinião. Não sei se ao governo convém a proibição ou não, mas peço a vocês que procurem não confundir. Pensem bem no seu voto. Eu concordo que tem que desarmar o bandido. Que o contrabando (não só de armas – de brinquedos, perfumes, eletrônicos, cigarros, DVDs, etc) tem que ser combatido. Que precisamos mais escolas, mais hospitais, mais cadeias, mais empregos, mais decência, mais honestidade, salários melhores, impostos menores, menos corrupção, etc. Mas não é por isso que vou achar que a venda de armas deve continuar como está. Em toda a nossa história nunca foi proibida a venda de armas e munições e nosso mundo e nosso país estão como estão.
Abraço a todos
Júlio Xavier Vianna Jr
20 de outubro de 2005